A preocupação do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) do Estado de São Paulo, sobre a importância da vacinação contra febre amarela nos turistas que pretendem viajar para áreas de mata no feriado prolongado do Carnaval, é corroborado pelas autoridades de saúde de Itapira.
Tanto que a Secretaria Municipal de Saúde reforçou o posicionamento estadual e publicou um comunicado no qual chama a atenção para a necessidade da manutenção do ciclo vacinal completo, especialmente pessoas que corriqueiramente frequentam regiões de mata.
O CVE emitiu uma série de alertas, principalmente para quem vai ficar alojado em cidades paulistas na divisa com os estados de Minas Gerais e Paraná. O risco é considerado grande também nas localidades afastadas da zona urbana, que receberão turistas para acampamentos, trilhas e outras atividades ecológicas.
O responsável técnico pelo Serviço de Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde, o médico-veterinário Rodrigo Bertini, reiterou que a preocupação com a febre amarela é pertinente, ainda mais em razão do período chuvoso, que facilita a proliferação do mosquito transmissor.
“O mosquito do ciclo silvestre, que é o vetor responsável por transmitir a doença ao ser humano, age normalmente na copa das árvores. Por isso que infecta macacos. Se o mosquito não encontra alimento no alto, desce e chega aos seres humanos que estão acampados debaixo das árvores, por exemplo. É onde começa um surto de febre amarela no ciclo silvestre”, explicou.
Bertini reafirmou que a vacinação é recomendada principalmente às pessoas que se deslocarão nesse período de Carnaval para áreas de mata e consideradas endêmicas. Lembrou que algumas regiões do país possuem indicativo para imunização contra febre amarela, casos de Goiás e Mato Grosso, por exemplo.
A Prefeitura de Itapira publicou um comunicado no qual informa que a vacina contra febre amarela está incorporada ao calendário de imunização e é disponibilizada em todas as UBSs (Unidades Básicas de Saúde). Crianças que receberam a primeira dose com menos de 5 anos de idade precisam tomar o reforço.
Já para quem iniciou o ciclo vacinal após os 5 anos, apenas uma dose é necessária. Em Itapira, o último caso de febre amarela foi registrado em 2018, de um homem de 44 anos residente no Della Rocha I, mas que exercia atividades profissionais na região dos bairros rurais de Barão Ataliba Nogueira e Eleutério.
- MACACOS
Bertini também fez um apelo às pessoas que residem ou mesmo trabalham na zona rural, para que fiquem atentas ao comportamento dos macacos. “Encontrou macaco morto, ossada de macaco ou mesmo viu macaco doente, tem que avisar o Serviço de Zoonoses, para que possamos estabelecer a coordenada geográfica e notificar o GVE (Grupo de Vigilância Epidemiológica)”, explicou.
No caso dos animais em óbito, é providenciada a coleta de vários órgãos – fígado, pulmão, coração, rins e cérebro –, que posteriormente são encaminhados para análise no Instituto Adolfo Lutz, em Campinas (SP). A preocupação é grande principalmente em razão de duas situações específicas.
“Primeiro porque a febre amarela é uma doença com 50% de letalidade. Segundo, uma epizootia (evento em um número de animais ao mesmo tempo ou na mesma região, que pode levar ou não à morte) dizima a população de macacos”, alertou. A transmissão vetorial da febre amarela possui dois ciclos distintos. No silvestre são duas espécies de mosquito responsáveis, o haemagogos e sabethes. No urbano, o Aedes aegypti.
“Vale lembrar que sempre um caso humano de febre amarela antecede uma epizootia em macacos. Se encontrou uma pessoa com febre amarela, quantos macacos morreram antes disso? Macaco é considerado uma sentinela. É sim um problema quando se acha um macaco isolado, quieto, que não se mexe e dá a impressão de que está doente. Aí é precioso acionar a Zoonoses para averiguação”, frisou. Em Itapira prevalecem três espécies de símios: saguis, bugios e o macaco prego.
Nos seres humanos, os sintomas mais comuns de febre amarela são febre, dores musculares com dor lombar proeminente, dor de cabeça, perda de apetite, náusea ou vômito. Na maioria dos casos, os problemas desaparecem depois de três ou quatro dias.