Após quase 26 anos sem a circulação da variante canina da raiva no Estado de São Paulo, o diagnóstico recente em um cão na capital paulista, confirmado em 31 de agosto, trouxe à tona a preocupação com a doença.
Ainda não se sabe se o vírus é da variante canina ou transmitido por morcegos, mas o CRMV (Conselho Regional de Medicina Veterinária) já alertou os municípios sobre a importância da vigilância constante e da vacinação antirrábica em cães e gatos.
Embora os casos de raiva em cães e gatos tenham sido erradicados há mais de três décadas em Itapira e também na região, a doença continua a circular entre morcegos – o que representa risco significativo à saúde pública.
A raiva é quase 100% letal e, de acordo com o médico veterinário Rodrigo Bertini, responsável pela Divisão de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde de Itapira, apesar do último caso em humanos na cidade ter sido registrado em 1990, cerca de 20 animais são diagnosticados com raiva a cada ano em Itapira, sendo todos relacionados ao vírus transmitido por morcegos.
“Há uma diferença entre os vírus causadores da raiva, aquela furiosa, como existia antigamente. Essa realmente deixou de circular há muito tempo, mas a que vem pelo morcego, a variante 3, continua circulando”, explica Bertini.
Ele enfatiza a necessidade de vigilância constante por parte dos tutores de cães e gatos, uma vez que esses animais têm maior contato com humanos e representam preocupação adicional em relação à transmissão da doença.
“Somos referência em saúde pública em Itapira. Fazemos o trabalho de análise e exames, mas só isso não resolve. Cabe ao dono do animal se informar e manter a vacinação em dia”, reforça o médico-veterinário.
Ele destaca a importância da vacinação regular e informa sobre as mudanças nas campanhas antirrábicas no Estado, que agora requerem agendamento prévio para a aplicação das doses.
A coleta de amostras do sistema nervoso central de caninos e felinos para diagnóstico e vigilância da raiva é recomendada, especialmente em casos de animais com sintomas neurológicos, óbitos após agressão ou mortes inexplicadas.
Além disso, é importante lembrar que a vacinação de gatos também desempenha um papel crucial na prevenção da raiva, uma vez que em 2022 houve mais casos registrados em felinos do que em cães no Brasil.
- VACINAÇÃO EM ITAPIRA
Durante o período da pandemia, houve uma mudança nas campanhas de vacinação antirrábica em São Paulo. A partir de março de 2022, foi implementado um novo sistema que exige o agendamento prévio para a aplicação das doses, visando uma distribuição mais eficaz das vacinas.
As aplicações agora ocorrem exclusivamente às quintas-feiras na sede da Zoonoses, localizada ao lado do Centro de Atendimento Integral à Saúde (Cais), na Rua Farmacêutico Antônio Serra, 123, Vila Penha do Rio do Peixe.
Além disso, as vacinações são oferecidas em diferentes UBSs (Unidades Básicas de Saúde) no último sábado de cada mês, também mediante agendamento antecipado.
Para agendar a vacinação é necessário ligar para (19) 9.9723-1295, que está disponível exclusivamente para chamadas telefônicas e não recebe mensagens.
Rodrigo Bertini explica que essa mudança foi adotada pelo Instituto Pasteur. Ela se deve ao fato de que o município passou a receber frascos de vacinas multidoses, contendo 25 doses cada. Esse novo sistema visa otimizar a distribuição e evitar desperdícios.
A ideia de levar a vacinação às UBSs pelo menos uma vez por mês tem o objetivo de tornar o processo mais acessível aos tutores de animais, incluindo aqueles que vivem em áreas rurais. Em setembro, a vacinação está programada para o dia 30, na UBS Pé no Chão e, em outubro, para o dia 28, na UBS Central.
É importante lembrar que a vacinação antirrábica é gratuita e que os tutores têm a responsabilidade de manter em dia a imunização de seus animais contra a raiva.