Inconformada e até mesmo traumatizada com o comportamento totalmente inaceitável de uma médica plantonista da Santa Casa de Misericórdia de Itapira, a gerente de clínica médica Daniela Garcia da Costa, 35, decidiu desabafar nas redes sociais na noite de sábado (31).
Em um vídeo publicado no mesmo dia e que ganhou enorme repercussão, ela detalhou a forma desproposital como foi tratada dentro de um dos consultórios do Pronto-Socorro da instituição de saúde itapirense.
O lamentável episódio aconteceu quando a mãe foi buscar atendimento à filha de dois anos de idade que apresentava quadro de vômito e diarreia.
Depois de demorar alguns momentos para entrar logo após ser chamada, em razão dos cuidados prestados à filha que passava mal, Daniela disse que foi atacada pela profissional com palavras irônicas, jocosas, palavrões e até ameaças.
O caso ganhou contornos policiais e a GCM (Guarda Civil Municipal) foi acionada para apaziguar os ânimos e prestar orientações. Inconformada com a situação, Daniela garantiu que vai formular a denúncia, entre outros órgãos, também ao CRM (Conselho Regional de Medicina).
“A Alícia, nossa segunda filha, é um milagre do Senhor”, contou a emocionada mãe, em entrevista concedida ao Itapira News na tarde de terça-feira (3), reportando que a menina já enfrentou muitos problemas de saúde e atualmente é submetida a tratamento homeopático.
Lembrou, inclusive, que em 2023 a família sofreu muito com problemas no atendimento prestado também na Santa Casa, quando a criança teve um sério quadro de bronquiolite.
- INDIGNAÇÃO
Na noite do dia 31 de agosto, por volta das 19h30, Daniela se dirigiu ao PS da instituição porque a caçula apresentava sintomas de virose. Confirmou que a triagem foi rápida e como havia esquecido as fraldas de troca da menina, solicitou ao marido, Júlio César da Costa, que buscasse em casa, localizada na região do bairro Istor Luppi.
Ao ser chamada pelo monitor instalado na sala de espera, a mãe socorria a filha, que estava nauseada, e demorou um pouco até entrar no consultório número dois. Teve início então um episódio jamais imaginado por ela.
“Entrei na sala e me deparei com uma médica que para mim não é médica. Não é nem um ser humano”, recordou.
“Falei boa noite e ela não respondeu. Falei boa noite de novo e daí ela respondeu: ‘você está surda. Eu te chamei cinco vezes’. Naquela hora peguei minha filha no colo e logo a médica emendou: ‘você tem que ficar atenta querida. Você não ouviu eu te chamar?’”, relatou Daniela, logo explicando que demorou para entrar porque dava atenção à filha.
Daniela imediatamente questionou a profissional se por acaso ela era mãe ou se tinha uma criança. Segundo disse à reportagem, a agressiva resposta foi ‘não tenho, não quero ter e odeio criança. Pega essa criança e sai daqui’, reforçando ainda que a mãe poderia reclamar diretamente na ouvidoria.
Assustada com a reação, aos prantos Daniela se dirigiu à recepção em busca de outra profissional para atender a menina e reiterou que de imediato não recebeu a atenção esperada. Somente depois foi direcionada para outra médica, mas ao transitar pela ala dos consultórios, novamente foi atacada com palavrões e ameaça de agressão pela médica.
“Fui chamada de inúmeros palavrões e ela ainda me filmou com o celular, dizendo que eu poderia denunciá-la. Retruquei dizendo que ela era um lixo e que Deus não daria o privilégio dela ser mãe nunca, porque ela não era merecedora de conhecer o amor de mãe. Foi quando ele reafirmou para mim que odiava criança”, rememorou Daniela. Os xingamentos continuaram e a mãe decidiu, após ligar para o marido e para a irmã, gravar um vídeo para denunciar o caso.
“Eu não conseguia parar de chorar e precisei deixar o PS por outra porta para não cruzar com a médica novamente e ser atacada. Uma atendente chegou a dizer para minha irmã que eu estava atacando a médica. Jamais me sujeitaria a isso. Quem me conhece sabe da minha índole e da índole da minha família. Jamais faria isso”, rebateu.
De acordo com Daniela, ela tomou ciência de que episódios semelhantes já haviam ocorrido com a mesma médica na Santa Casa. Salientou que não se dirigiu à Delegacia de Polícia para registrar Boletim de Ocorrência e apenas prestou esclarecimentos aos guardas civis municipais que compareceram no PS.
A mãe confirmou ao Itapira News que ainda no domingo (1) recebeu um telefonema da Santa Casa, quando foi informada que a médica havia sido desligada do corpo clínico logo após a conclusão do plantão. Na segunda-feira (2) foi chamada para uma reunião com o corpo diretivo da entidade para prestar mais esclarecimentos e receber um pedido de desculpas pelo ocorrido.
“O que adianta ter diploma se não tem caráter”, lamentou Daniela, frisando que agora pretende concluir a denúncia no CRM. “Vou fazer essa denúncia para ela não atender mais. Já fiz na ouvidoria da Santa Casa e na ouvidoria da Unimed”, confirmou, reforçando que está traumatizada.
“Até domingo eu chorava só de lembrar de como ela xingava minha filha. Mas tenho que reagir. Só não entendo o porquê de maltratar as pessoas dessa forma. Essa médica não pode mais exercer a função dela”, finalizou. Além da meninda de dois anos, Daniela e Júlio César são pais também de outra menina de 12.
- OUTRO LADO
A Santa Casa se pronunciou sobre o episódio por meio de nota oficial. “A administração da Santa Casa de Itapira estima pela melhora na saúde desta criança e lamenta o ocorrido junto a todos envolvidos. Nossos profissionais e uma outra médica interviram para acalmar a situação e priorizar o atendimento às necessidades da criança, e de forma humanizada acolheram a mãe.Reforçamos que estamos cientes da reclamação e nos dedicando à apuração dos fatos para que medidas cabíveis sejam tomadas”, diz o texto.
A instituição reforçou também que “no mesmo dia do acontecimento, acolhemos a família e a paciente com atendimento médico e também estamos oferecendo diretamente a eles apoio institucional e psicológico, em caso de necessidade. Ressaltamos que o acontecimento do último sábado não tem relação nenhuma com nossa competente pediatra Dra. Bianca Gonçalves, que faz um excelente trabalho atendendo com muito profissionalismo crianças e adolescentes’.
Por fim, a direção da Santa Casa disse que “já vem fazendo um trabalho focado na capacitação dos profissionais, intensificará as ações e tomará todas as medidas cabíveis internamente”.
