A combinação tempo seco, alta ocorrência de incêndios e baixa qualidade do ar favorecem o aumento de doenças respiratórias e cardiovasculares.
Com as queimadas que atingem diferentes regiões, o Governo do Estado de São Paulo reforça a importância dos cuidados com a saúde, especialmente entre crianças e idosos.
A baixa qualidade do ar se agrava pela atuação de uma massa de ar quente, seco e estável, aliada à ausência de chuvas, o que dificulta a dispersão dos poluentes.
O Mapa de Risco de Incêndio do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências na Defesa Civil) indica nível de emergência para queimadas em quase todo o território paulista até o próximo sábado (14).
O gabinete de crise montado pela gestão estadual do órgão segue mobilizado no monitoramento e coordenação das ações de prevenção e combate aos incêndios. Na terça-feira (10), 41 das 57 estações medidoras do Estado apontavam a qualidade do ar como ‘ruim’ ou ‘muito ruim’, de acordo com boletim diário da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).
As classificações indicam que toda a população pode apresentar sintomas como tosse seca, cansaço, ardor nos olhos, nariz e garganta. Em casos mais graves, podem surgir falta de ar e respiração ofegante. Pessoas de grupos sensíveis — crianças, idosos e pacientes com doenças respiratórias e cardíacas — podem apresentar efeitos mais sérios na saúde.
“Quando a poluição do ar é somada a esses dias de tempo seco, os efeitos na saúde podem ser ainda mais graves, pois além desses sintomas pode se agravar ainda mais os problemas respiratórios, além de causar problemas cardíacos”, afirma Thiago Nogueira, professor doutor do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo).
Segundo especialistas, inalar fumaça e fuligem das queimadas pode agravar crises de asma, aumentar o risco de inflamação nos pulmões e irritar as mucosas, a pele e os olhos, ampliando o risco de conjuntivite bacteriana. No nariz, os poluentes causam inflamação, acarretando em quadros de rinite e sinusite.
Nogueira ainda explica que, além dos efeitos de curto prazo, a exposição prolongada à poluição do ar pode causar problemas mais graves a médio e longo prazo, como câncer de pulmão, doenças cardíacas e até cerebrais. Quando expostos à fumaça das queimadas, os pulmões entram em contato com poluentes na forma de partículas finas, que podem penetrar no sistema respiratório.
As substâncias também irritam os tecidos pulmonares, causando inflamação e reduzindo a capacidade dos pulmões de transportar oxigênio para o sangue, o que pode levar a problemas respiratórios crônicos como bronquite e asma, além de aumentar o risco de danos permanentes ao tecido pulmonar. De acordo com o professor, isso contribui para o desenvolvimento de doenças como enfisema pulmonar
Crianças e idosos são mais vulneráveis a sofrer impactos na saúde em incêndios, com o sistema respiratório, cardiovascular, olhos e a pele menos protegidos.
- RECOMENDAÇÃO
A principal recomendação é que pessoas com doenças cardíacas ou pulmonares, além de idosos e crianças, evitem esforço físico pesado ao ar livre. Também é sugerido beber muita água para manter a hidratação do organismo e das vias aéreas, lavar nariz e olhos e evitar locais com concentração de fumaça.
Para quem estiver dentro de casa, a orientação é que permaneça em local ventilado. Equipamentos como purificadores de ar ajudam a manter a umidade. “Outra recomendação é que as portas e janelas permaneçam fechadas durante os horários com elevadas concentrações de poluição, para reduzir a entrada dessas partículas de fora para dentro das residências”, explica Nogueira.
O especialista em saúde pública recomenda o uso de máscaras cirúrgicas, preferencialmente do tipo PFF2 ou N95, em regiões com grande incidência de queimadas. “Ou mesmo lenços de pano para reduzir a exposição às partículas mais grossas, especialmente para quem mora próximo a locais de incêndio, de forma a diminuir o desconforto das vias aéreas superiores”, afirma.