Dr. Pedro Orrú: segunda-feira marcada por muita emoção (Paulo Bellini/ItapiraNews)
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A última segunda-feira (27) foi marcada por homenagens, agradecimentos, cumprimentos e muita emoção na base itapirense do Samu (Serviço Móvel de Atendimento de Urgência).

Depois de mais de 10 anos de atuação, o médico ortopedista Pedro Orrú, 37, cumpriu seu último plantão na unidade Delta 03, como é chamada a base operacional no município.

A partir de agora ele passa a se dedicar integralmente ao consultório que mantém em Itapira e ao trabalho no Departamento de Medicina Esportiva e Alta Performance do Red Bull Bragantino, clube de futebol profissional de Bragança Paulista (SP).

Durante o último expediente de 24 horas – que começou às 19h00 do domingo (26) e terminou às 19h00 de segunda -, o médico não conteve a emoção ao receber um vídeo produzido pelos próprios companheiros de trabalho, acompanhado de uma mensagem de agradecimento.

A paixão pela medicina esportiva falou mais alto neste momento. Orrú é médico ortopedista com especialização em cirurgia do ombro/joelho e medicina esportiva. A chegada ao Samu foi na metade de 2012, ainda como residente.

Depois de formado permaneceu por seis meses em Mogi das Cruzes (SP) e retornou para Itapira direto para a equipe Delta 03. “Também gosto muito dessa área de urgência e trauma”, destaca.

Apesar das passagens pela base Delta 02 (Mogi Mirim) e pela regulação do serviço regional, o médico sempre manteve atuação no Samu de Itapira. “No começo não tinha tanto médico aqui e na época cheguei a fazer 72 horas direto. Eu ficava bem preocupado com a necessidade da cidade onde tenho amigos e familiares”, recorda.

Pedro Orrú conta que ao encerrar a residência de trauma esportivo foi contratado pela Ponte Preta, de Campinas (SP), em 2017. No futebol também deu suporte à Esportiva Itapirense durante a Copa São Paulo de Futebol Júnior do ano passado.

“Meu aprendizado maior no futebol foi na Ponte, onde fiquei por cinco anos (2017 a 2022) como médico coordenando toda a base e dando suporte ao profissional”, frisa.

Agora recebeu convite do Red Bull Bragantino para auxiliar na coordenação do Centro de Medicina Esportiva e de Alta Performance. Com padrão austríaco, o departamento vem sendo estruturado na cidade de Atibaia (SP) e o itapirense dividirá suas funções entre as categorias de base e o profissional.

“O Red Bull Bragantino também oferece a chance de participarmos de vários encontros anuais de medicina esportiva fora do Brasil. Além de um time de Série A no futebol brasileiro, de um time grande de São Paulo, o clube vai dar suporte e uma base muito grande para aprimorar um pouco mais desse meu conhecimento”, complementa.

  • FAMÍLIA

No último dia de trabalho na Delta 03, somente a menção à quantidade de amigos que fez nesses mais de 10 anos de Samu já provocavam enorme emoção em Orrú. “Desde (segunda-feira) cedo o coração já está bem apertado. São duas equipes aqui e trabalhei com todas, sempre com excelente contato com todos os profissionais. Até fico com o coração apertado de largar pelo ambiente, pela amizade, mas faz parte da vida”, confirma.

Um dos atendimentos mais marcantes nessa trajetória de dedicação ao Samu itapirense foi de uma criança de 7 anos portadora de Síndrome de Down, em 2014. “Chegamos à residência e a criança já estava em PCR (Parada Cardiorrespiratória). Conseguimos reverter e partimos com a ambulância em direção ao Hospital Municipal. Os familiares foram de carro atrás e buzinavam muito para parar o trânsito e liberar a passagem da ambulância. Foi um trabalho que me marcou muito”, relembra.

Orrú se dedica ao Samu desde a época em que ainda era residente (Paulo Bellini/ItapiraNews)

Ele ainda recorda dos momentos de muita tensão durante a pandemia da Covid-19, com chamados que também colocavam em risco as equipes envolvidas no serviço, principalmente por conta do alto poder de transmissão da doença. “Era um ambiente pesado, de muito estresse, mas sempre nos esforçamos para fazer o melhor atendimento”, ressalta, chamando a atenção às várias situações de urgência nas quais esteve envolvido, em que os “minutos de ouro” são fundamentais e fazem a diferença na vida do paciente.

Na despedida, o médico Pedro Orrú tratou de agradecer muito a todos. “Foi no Samu que cresci nessa parte de trauma, de urgência e emergência. É difícil transmitir o tamanho do agradecimento que tenho para com meus colegas. O Samu é equipe. O médico não faz nada sozinho. A equipe é que presta o melhor atendimento. Desde o condutor socorrista, que faz um trabalho excepcional de proteger a via e levar todo equipamento, de auxiliar em uma parada, naquele momento em que acaba o braço em uma massagem cardíaca. É a enfermeira pegando o acesso, trabalhando duro. É uma equipe inteira. É a Alfa 03 (codinome da ambulância avançada). Tudo isso vai deixar muita saudade”, agradece, muito emocionado.

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