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“Um senhor se aproximou e perguntou se podia falar comigo. Apontando para a caixa, disse: ‘É meu filho’.

Naquele momento, fiquei sem palavras. Sou pai e me coloquei no lugar dele. Ele pediu para fazer uma oração pela última vez e se despedir. Comecei a pensar que não é simplesmente uma caixa que está ali, é uma vida, uma família.”

O relato é do subtenente RogérioReginaldo Ribeiro, da Divisão de Medicina do Comando de Aviação da Polícia Militar (CavPM). Enfermeiro de voo da PM (Polícia Militar do Estado de São Paulo), ele é um dos responsáveis por ajudar no transporte de órgãos para transplantes.

Rogério conta que a cena aconteceu quando a equipe estava saindo do hospital para transportar um coração de Sorocaba (SP) até São Paulo (SP). “Este foi o momento mais marcante da minha carreira”, conta ele, que está há 27 anos na Polícia Militar e 14 no CavPM.

É por meio da Divisão de Medicina que a ocorrência de transporte de órgãos chega ao conhecimento do CavPM. A solicitação entra no Sistema Estadual de Transplante, da Secretaria de Estado da Saúde, e passa pela triagem da PM para coleta de informações pertinentes.

O procedimento é feito para planejar de forma eficaz a logística do transporte e garantir que o órgão chegue em condições adequadas para que seja transplantado.

“Tudo começa com a dependência do órgão transportado. Cada órgão tem um tempo de isquemia diferente, e isso impacta a brevidade da nossa operação e do nosso planejamento”, explica.

Subtente Rogério atua na Divisão de Medicina de Aviação da PM paulista (Divulgação/GovernoSP)

“Então, via de regra, a demanda chega e já sabemos o órgão específico e quanto tempo teremos de atuação. Neste momento, cada um, com a sua divisão de funções aqui dentro, já vai preparando o planejamento do voo”, explica o capitão Guilherme Weisshaupt, comandante de aeronave, piloto e coordenador de equipe.

  • Transporte de órgãos em números

O Comando de Aviação da PM auxilia em muitos transportes de órgãos para transplantes. Para sucesso na realização do processo é imprescindível a agilidade e segurança provida pelos policiais.

Somente no ano de 2022, foram realizados 41 transportes e, até outubro de 2023, foram 50 vidas salvas com auxílio dos militares. A Polícia Civil também presta o serviço de transporte de órgãos pelo helicóptero Pelicano, do Serviço Aerotático (SAT).

A cooperação entre Polícia Civil e a Central de Transplantes acontece por meio do acionamento do Serviço Aerotático, em seguida a decolagem, embarque de equipes médicas e o desembarque em hospitais.

As missões relacionadas ao Transporte de Órgãos Vitais (TROV) são prioritárias e urgentes e, com a utilização dos helicópteros da Polícia Civil, se reduz o tempo de exposição dos órgãos fora do corpo humano, cuja corrida contra o relógio é necessária para que as equipes médicas tenham tempo suficiente para realizar o transplante e obter o sucesso da operação.

Em 2022, foram realizados 19 ações de de TROV e aeromédicos. Até outubro de 2023, foram 14 operações.

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