O médico Newton Santana, 65, não é mais pré-candidato a prefeito pela ala de oposição ao governo municipal de Itapira. Seu nome foi oficialmente descartado pelo grupo político após reunião realizada no início da noite de segunda-feira (27).
A decisão foi motivada pelo fato de Santana ter incluído no trabalho de assessoria da pré-campanha um membro filiado ao Psol (Partido Socialismo e Liberdade), João Marquezini.
A posição da ala oposicionista foi tornada pública por meio de um vídeo gravado pela principal liderança do grupo, o deputado estadual Barros Munhoz (PSDB).
Na publicação, Munhoz reforça que a decisão tomada foi unânime, após reuniões com presidentes dos seis partidos que compõem a aliança e os demais quatro pré-candidatos à Prefeitura – José Natalino Paganini, Tiago Fontolan, Djalma de Oliveira e Maurício Cassimiro de Lima.
“Chegamos à conclusão unânime de que era conveniente avisar o Newton que não seria mais possível ele continuar como nosso pré-candidato, tendo colocado à frente de sua campanha o cidadão contra o qual não temos nada pessoal, mas que é membro do Psol de Itapira”, comunicou o deputado.
Munhoz reforçou ainda que o assessor de Santana já foi extremamente atuante e continua filiado ao Psol, “que é oposição radical aos nossos partidos e é radical à nossa caminhada contra a situação atual da Prefeitura que foi, na eleição passada, beneficiada pelo Psol e que nessa administração continuou também, respeitadas as formas de disfarçar isso, mas ajudando a administração atual a ser o que é”.
Santana e os demais quatro pré-candidatos oposicionistas há alguns meses foram liberados a iniciar uma acentuada movimentação pré-campanha. O médico foi escolhido pelo grupo para concorrer a prefeito nas eleições passadas, quando acabou derrotado por Toninho Bellini.
Agora se colocava novamente como pré-postulante à cadeira maior do Paço Municipal. Segundo apurou a reportagem do Itapira News, ele era um dos mais cotados para novamente ser o nome homologado pelo grupo.
- SURPRESO
A reportagem contatou Newton Santana, que se mostrou surpreso com a decisão tomada pelo grupo de oposição.
“Estou surpreso com essa decisão dos partidos que vinham me apoiando e se mostravam tão engajados. Sou do diálogo, gosto de ouvir as pessoas. Estamos em um mundo tão conturbado, tão polarizado, tão radical. A gente tem que procurar ouvir mais a pessoas e conversar”, desabafou.
O médico confirmou que Marquezini era o responsável pelo gerenciamento das redes sociais no período de pré-campanha.
“Ele me ajudou muito, foi meu braço direito na Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). Vi que ele poderia me ajudar na Internet, sem pretensão, sem partidarismo, sem nada. Inclusive ele falou que estava fora (do Psol), não frequentava mais as reuniões. Foi uma coisa madura, não de amador”, frisou.
Santana não participou da reunião do grupo e foi comunicado de que não seria mais pré-candidato ainda na noite de segunda-feira.
“Fiquei meio sem chão. Estava tão gostoso, estava bem engajado e vinha recebendo o carinho das pessoas”, lembrou, reafirmando que em alguns momentos sentia que não era unanimidade no próprio grupo político. “Sentia que não dava liga com alguns partidos, não era unanimidade. Era um pessoal mais radical”, emendou.
O médico demonstrou estar bem tranquilo e adiantou que manterá o trabalho de ajuda às entidades itapirenses. “Não tem mais como mudar de partido e agora é tocar a vida”, pronunciou. Sobre seguir na política, garantiu que “gosto da política e vivo ela sem pretensão e sim de uma maneira bem espontânea”.
- SEM CONHECIMENTO
A presidente do diretório itapirense do Psol, Daphne Nathielle Goulart da Costa, disse que o partido não tinha conhecimento de que um membro filiado estava atuando na pré-campanha de Newton Santana.
De acordo com ela, João Marquezini já não participa de forma ativa das atividades da sigla no município há alguns anos.
“Entendemos que seja uma situação bastante diferente da que houve anteriormente, quando um então filiado nosso assumiu uma secretaria na gestão atual, porque ele havia acabado de nos representar publicamente, enquanto candidato em uma eleição. Desta vez, trata-se de um membro que, respeitando sua relevância para a história do partido, não se coloca como nosso representante há algum tempo”, disse.
Ela afirmou ainda que o caso será analisado “criticamente” junto à direção do partido. “Ainda não posso dizer quais providências serão tomadas, tendo claro que a atuação particular do João em nada impacta nossa participação na pré-candidatura da Sônia (Recchia) e do Eric (Apolinário), bem como na nossa oposição ao (deputado Barros) Munhoz e ao (prefeito Toninho) Bellini, como sempre foi na nossa história”.
- SEM CONVERSA
Também consultado pela reportagem João Marquezini classificou o episódio como uma “análise muito errada” de parte do grupo oposicionista e disse que a decisão foi fruto de “radicalismo”.
“Comecei a trabalhar com o Newton em um evento e nos entendemos muito bem com um diálogo sobre construir pontes e agregar pessoas e estávamos muito animados. A resposta da pré-campanha estava muito positiva”, afirmou.
Ele disse ainda que o nome de Santana seria capaz de trazer “coesão” ao grupo e que o próprio pré-candidato chegou a informar às lideranças que Marquezini estaria disposto a se desligar do Psol.
“Não deram tempo pra gente discutir, não quiseram conversar, não estiveram abertos ao diálogo como eu e o doutor Newton sempre estivemos. Sou um cara profissional, tenho minhas convicções, mas sou do diálogo”.
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matéria atualizada às 15h45 para inclusão de posicionamento de João Marquezini e da direção local do Psol .