O Hospital Municipal de Itapira deu início nesta semana a um projeto que permite colocar os bebês recém nascidos em contato direto com o pai ou familiar mais próximo que estejam acompanhando a gestante nos casos de partos cirúrgicos, as chamadas cesarianas.
Na prática, o chamado ‘contato pele a pele’ visa reforçar o vínculo afetivo familiar nas situações em que a mãe, logo após a cirurgia, não consegue ter contato imediato com a criança, sem poder pegá-la ou fazer a amamentação na primeira hora de vida.
A iniciativa proposta pelo Comitê de Incentivo ao Aleitamento Materno do Hospital Municipal começou com o casal Bruno Mathia Almeida, 30, e Lucimara Oliveira Almeida, 34, que deu à luz ao primeiro filho, Heitor.
Porém, o procedimento se deu por cesárea e Lucimara precisou ir para a recuperação após o parto, e a equipe decidiu colocar o recém-nascido em contato pele a pele com o pai. “Ele já estava trocado e a enfermeira me perguntou se eu queria fazer o contato pele a pele com ele. Ela explicou que eles estavam iniciando o projeto e se eu queria ser o primeiro pai a fazer isso”, conta Bruno.
A proposta partiu da enfermeira Júlia Moysés Breda Fraccarolli. Ela explicou ao pai que bastava ele tirar a camisa, se sentar em uma poltrona e segurar a criança, também sem roupa.
“Foi maravilhoso. Ele estava um pouco agitado por conta de todos os exames, mas quando o peguei no colo ele foi se acalmando e se acomodando. Foi quando eu entendi o porquê da importância desse contato. Quando eu comecei a falar com ele a impressão é que ele reconhecia a minha voz. Ele foi se acalmando e se colocando em posição fetal. E ali ele ficou quietinho e dormiu no meu colo. A primeira pele que ele sentiu foi a minha”, relatou o pai.
- AFETO
Para a mãe da criança, esse contato, essa proximidade e a reação da criança traz conforto emocional. “Eu sabia que meu filho estava bem e que estava com o pai. Mas depois fiquei sabendo desse contato e achei muito legal, porque é uma segurança extra que a gente tem. Todo mundo fala muito do contato com a mãe, mas fazer isso com o pai é muito importante porque valoriza o contato com a família da criança. A mãe já tem esse contato com a criança na amamentação e fazer esse pele a pele com o pai é muito importante também. Vai muito além de um simples colo”, avalia Lucimara.
Sobre o seu primeiro contato com o filho, ela disse que no primeiro momento em que o viu teve um sentimento único. “Naquele momento eu soube que ele estava bem e consegui sentir o que é realmente o amor de mãe”.
Luciamara também elogiou a equipe do HM e do Banco de Leite. “No Pré Natal nós já começamos a aprender sobre a importância do aleitamento materno e de como isso ajuda no desenvolvimento da criança. O trabalho da equipe do Banco de Leite é muito importante pra nós, porque elas nos ensinam mesmo como fazer. E vai além dos dias que estamos aqui internadas, a assistência não é apenas hospitalar, mas domiciliar também. Enquanto estamos aqui nos sentimos protegidas e seguras. Mas em casa, principalmente por ser o primeiro filho, temos essa insegurança e elas estão prontas para nos ajudar”, disse.
- Prioridade é do vínculo da criança com a família
Desde agosto de 2019, quando o governador João Doria (PSDB) sancionou a Lei da Cesárea – que garante às gestantes a possibilidade de optar pela cesárea a partir da 39ª semana de gestação e a analgesia no caso de parto normal – o número de cesáreas no Hospital Municipal de Itapira cresceu e colocou em cheque uma das práticas do Hospital Amigo da Criança, que é de ter esse contato pele a pele imediato com a mãe e a amamentação nas primeiras horas de vida.
“Na semana anterior ao parto do Heitor, tínhamos feito uma reunião da Comissão do Aleitamento Materno e decidimos tentar fazer algo diferente para continuar esse contato pele a pele que estava se perdendo devido ao aumento de cesáreas. O contato pele é para incentivar a amamentação, mas como na cesárea isso não pode acontecer imediatamente por todas as questões técnicas, decidimos passar esse primeiro contato com o pai”, explicou a enfermeira Júlia.
Depois da primeira experiência, outros pais já participaram da mesma ação. “Eles estão gostando muito da experiência porque normalmente o pai não participa muito desse momento. E acho que pra eles fica essa sensação de ter participado do nascimento do filho”, analisa a enfermeira.
No dia do parto de Heitor, a equipe foi composta pelo ginecologista José Alberto Amaral Moino, o pediatra Celso Mendes, a enfermeira e as técnicas Ana Flávia Moschim e Andresa Aparecida da Cunha Rocha.
O Comitê de Incentivo ao Aleitamento Materno é composto pela enfermeira coordenadora do Banco de Leite Humano Juliana Bellinello, pelas técnicas de enfermagem Rosana Raphael e Cláudia Valéria Nuciarone de Moraes, pela biomédica Hosana Cristina dos Santos, pela médica pediatra Marta de Castro Narciso Soares, pela enfermeira neonatologista Júlia Moysés Breda Fraccarolli e pela fonoaudióloga Graciele Mendes.