Aos 35 anos, a itapirense Ana Cláudia Ribeiro da Silva descreve como “exaustiva” a rotina de três anos de convivência com uma fibromialgia.
Mãe de três filhos – Saymon Henrique da Silva, 14, Sarah Cristina da Silva, 18, e João Alessandro da Silva, 11 – e esposa de Sandro Maximino da Silva, 42, ela precisou interromper a atividade profissional como operadora de caixa em 2021, após o diagnóstico da doença.
“Há anos eu sentia dores pelo corpo todo, mas quando peguei coronavírus logo no começo da pandemia, essas dores se intensificaram muito”, relembra.
De lá para cá, Ana Cláudia passou por uma série de exames e cirurgias para investigar o problema, incluindo suspeitas de que pudesse estar com câncer. O diagnóstico de fibromialgia foi confirmado e ela foi obrigada a parar com diversas atividades domésticas, além de precisar sair do emprego.
A fibromialgia é caracterizada pela dor generalizada, especialmente na musculatura, sensibilidade nas articulações e tendões, acompanhada de fadiga crônica e distúrbios do sono.
“Além das dores musculares, também sofro muito com o cansaço extremo e fadiga crônica. E o pior de tudo é sentir que o sono não é reparador. A gente dorme e acorda cansada, como se nunca conseguisse descansar de fato”, lamenta.
Contando com o apoio de toda família, Ana Cláudia se queixa, entretanto, da falta de amparo da saúde pública em relação à doença. “O tratamento é composto por remédios para dores e exercícios, mas não tenho condições de arcar com os custos”, ressalta.
Embora tenha dado entrada no pedido de aposentadoria por invalidez, o processo no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) é complexo e demorado, e até então, o salário do marido é o único sustento da família.
Ana Cláudia utiliza o cordão de girassol, reconhecido por lei como identificação de pessoas com deficiências ocultas, para garantir atendimento preferencial e suporte quando necessário.
Apesar disso, a invisibilidade que a doença leva aos acometidos é uma das partes mais difíceis. “As pessoas não entendem pelo que passamos. Por não ser uma doença que pode ser visualizada, não levam a sério. Confesso que já pensei em tirar minha própria vida para acabar com essas dores”, desabafa.
Diante disso, Ana Cláudia teve a ideia de iniciar um grupo de apoio local, tentando levantar por conta própria informações sobre outras pessoas acometidas pela doença.
“A solidão é muito difícil. Felizmente encontrei grupos na internet compostos por outras pessoas que passam pelo mesmo problema. É o que me faz sentir mais acolhida. Então surgiu a ideia de iniciar algo local para levar o apoio para outras pessoas que passam pela mesma situação”, explica.
Até o momento, sem respostas ou perspectivas de conseguir arcar com os custos do tratamento para os sintomas da fibromialgia, Ana Cláudia vive um dia de cada vez, resumindo a rotina como amplamente “exaustiva”.
“Mesmo quando tento fazer caminhada, por exemplo, que é algo recomendado, fico de cama por cinco dias. As tarefas que antes eram simples se tornam desafiadoras”, finaliza.
Aqueles que possuem o mesmo diagnóstico ou conhecem pessoas que passam pela mesma situação podem manter contato com Ana Cláudia pelo número (19) 9.9863-9439, para dar início ao grupo de apoio mencionado por ela.
Questionada pela reportagem do Itapira News, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura informou que há dificuldades por parte do município em realizar um levantamento de pessoas acometidas pela doença na cidade e, por consequência, iniciar estudos para serviços voltados ao público-alvo.