
A itapirense Vitória Jugni, 22, classificou como emocionante a oportunidade de participar do Projeto ‘Barco da Saúde’.
A estudante do quinto ano do curso de Medicina da Faculdade São Leopoldo Mandic, de Campinas (SP), compôs a equipe formada por 43 alunos e professores voluntários envolvidos na gratificante experiência de oferecer atendimento médico e odontológico às comunidades ribeirinhas de cidades da região de Santarém do Pará (PA).
Desenvolvida pela faculdade campineira em parceria com a Ufopa (Universidade Federal do Oeste do Pará), além de secretarias de saúde das localidades paraenses, a iniciativa nasceu em 2017 e este ano alcançou a quarta edição.
Com número limitado de vagas distribuídas pelos cursos de Medicina e Odontologia, a presença de Vitória no projeto foi confirmada por meio de uma seleção que contemplou 21 estudantes. Um processo avaliou critérios como participação em eventos para arrecadação de doações ao ‘Barco da Saúde’, pontuações por entrevistas e serviços voluntários.

O embarque na Unidade Básica de Saúde Fluvial ‘Abaré’ foi em 10 de julho, quando começou a organização dos consultórios e catalogação dos medicamentos. Os atendimentos efetivamente foram iniciados no dia seguinte, pelo município de Belterra (PA), e abrangeu comunidades e aldeias. No dia 16 foi a vez da cidade de Aveiro (PA).
Uma rotina incansável dividida por períodos em diferentes localidades: atendimento das 7h00 às 12h00, parada para o almoço com a embarcação em movimento e retomada do serviço das 13h30 até entre 18h00 e 19h00, já em outro local. Cronograma que se seguiu até o desembarque definitivo no dia 20, quando o ‘Abaré’ então continuou o percurso com novos profissionais envolvidos.
O trabalho a bordo passou pelas especialidades de Pediatria, Ginecologia, Oftalmologia, Clínica Médica e Dermatologia, sem contar ainda as funções executadas de triagem, volante, Educação em Saúde e recreação. “Durante a triagem determinávamos a prioridade. Pediatria, Ginecologia, Clínica Médica e Dermatologia já possuíam pacientes marcados pelo agente de saúde do município ou pela comunidade. Dependendo da demanda eram feitos encaixes. Para Oftalmologia essa demanda era espontânea e muito grande”, conta Vitória.
Vitória se empenhou também nas atividades de auxílio e orientação dos pacientes que estavam em terra, além de Educação em Saúde, a partir de palestras sobre ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), tabagismo e drogas, saúde bucal, violência de forma geral e violência sexual. “E na parte de recreação brincávamos com as crianças enquanto os pais eram atendidos. Levamos bexigas, desenhos, roupa de palhaço e brinquedos para entreter as crianças”, completa. Todos os procedimentos sempre foram acompanhados de perto pelos professores.
- DISTÂNCIA
Em meio a tantas carências que acometem as comunidades ribeirinhas do Pará, a itapirense se impressionou com a simplicidade das pessoas. Destacou ainda a importância de projetos como o ‘Barco da Saúde’, para atenuar um cotidiano tomado por dificuldades.

“Além das dificuldades geográficas, o acesso aos serviços de saúde é difícil. As famílias contam, em geral, com duas formas de acesso: o deslocamento até a cidade mais próxima ou o aguardo da chegada de barcos ou navios hospitais”, reforça.
Chamou muito a atenção da estudante de medicina, nessa experiência vivida por 10 dias nos rios paraenses, a gratidão que as comunidades têm pelo barco. “Fomos recepcionados pela comunidade de Piqueatuba com apresentação de danças culturais e uma decoração maravilhosa para a chegada do barco, com velas na areia formando um caminho”, lembra.
A chance de participar de uma iniciativa tão profunda e necessária foi classificada como gratificante por Vitória. “Levo comigo e para a minha profissão um grande crescimento. Não só pelos atendimentos, mas desde o trabalho em equipe, que foi intenso. Todos com disposição sempre para ajudar um ao outro, com o mesmo propósito e com boa vontade, ânimo e companheirismo. Todos deram o melhor e o acolhimento com a equipe foi sensacional. A convivência entre nós foi de fato especial”, celebra.
A itapirense garante que foram dias de muito aprendizado, com novas experiências a cada especialidade exercida. “Me sinto gratificada por ter oferecido aos pacientes o melhor que pude sempre, por ter ajudado tantas pessoas que precisavam”, complementa. “Hoje sinto saudades da equipe, das paisagens e dos atendimentos. Foi emocionante conhecer outra realidade e viver essa experiência”, agradece.