
Ele já escreveu história como o técnico responsável por um dos projetos esportivos de maior êxito na Colômbia nos últimos tempos.
Afinal, colocou a seleção adulta de vôlei feminino do vizinho país no rol das melhores do mundo na modalidade. Mas o itapirense Antônio Rizola Neto, 64, quer mais.
Logo depois de conduzir o time à inédita participação no Mundial de Vôlei Feminino de 2022, disputado na Holanda e Polônia, agora o técnico se debruça sobre um desafio ainda maior: o Pré-Olímpico, que pela primeira vez pode colocar a Colômbia nas Olimpíadas, neste caso os Jogos de 2024, na França.
Em Itapira para as festas de final de ano ao lado da família, ele concedeu entrevista à reportagem do Itapira News.
Rizola tem plena dimensão da repercussão alcançada pelo projeto iniciado em 2017, quando desembarcou na Colômbia e colocou a seleção no radar do vôlei feminino mundial. Mas faz questão de não tomar para si todo sucesso da empreitada.
“Tenho a dimensão desse sucesso pela resposta das pessoas em relação ao trabalho”, sintetizou. “Mas enfatizo sempre que não é o meu trabalho, mas sim o trabalho que eu conduzo.”
Quando aceitou a oferta da Federação Colombiana de Vôlei, Rizola decidiu não levar nenhum profissional brasileiro do seu staff técnico, posicionamento que foi recebido de forma positiva pelos dirigentes. “Nosso plano foi também formar profissionais. Transmitir a eles um padrão de trabalho e conceder um parâmetro internacional. E deu certo”, confirmou.
Até a chegada do itapirense, a Colômbia nunca havia conquistado uma medalha de ouro em competição alguma de voleibol, em qualquer nível ou categoria. Com Rizola no comando técnico, já na primeira disputa, o resultado foi histórico: medalha de ouro na Copa Pan-Americana Sub-18 de 2017, em Cuba, com vitória sobre as donas da casa na decisão. “Das 12 jogadoras que participaram daquele título, cinco fazem parte hoje da equipe adulta”, lembrou.

- EVOLUÇÃO
De lá para cá a evolução do vôlei feminino colombiano continua a impressionar, com direito às medalhas de prata no Pan-Americano de 2019 e no Sul-Americano de 2021, ambas competições adultas disputadas no Peru, além da classificação inédita para o Mundial pela primeira vez. Sobre este último campeonato, realizado este em 2022, Rizola confirma que o desempenho ficou dentro de todos os prognósticos. Das 24 equipes participantes, a Colômbia era a única estreante e terminou em 21º lugar.
“A Colômbia foi a sensação do Mundial. Quando cheguei, a seleção adulta feminina era a 28ª colocada no ranking da Federação Internacional de Vôlei. Hoje é a 19ª e quando nos classificamos para o Mundial, alcançamos o 16º lugar”, disse. Foi a equipe de voleibol feminino que mais evoluiu no mundo, segundo ressaltado pela própria Federação em congresso. “Isso é um enorme orgulho.”
Mais difícil do que chegar ao topo talvez seja se manter nele. E Rizola tem plena consciência disso. Tanto que elencou algumas situações essenciais para que a Colômbia continue com o alto nível de rendimento.
“Primeiro é o aporte econômico. Esporte de alto rendimento é investimento. Depois é a questão das atletas, o trabalho na base. Para você ter qualidade você precisar ter praticante com direcionamento no trabalho. Estamos buscando atletas pelo país inteiro”, detalhou o treinador, que dirige a equipe adulta e coordena os trabalhos dos profissionais na base.
Agora o foco principal passa a ser a inédita classificação do vôlei feminino da Colômbia para os Jogos Olímpicos. E o desafio será dos maiores. “Precisamos ter o comprometimento total das atletas. Digo sempre para elas que o grande objetivo de um atleta é participar de uma Olimpíada. E maior do que isso é ganhar uma Olimpíada. Quero que elas tenham esse compromisso”, colocou.

O Pré-Olímpico de 2023 reunirá as 24 melhores equipes do ranking mundial. Segundo explicou o treinador, as seleções serão divididas em grupos de seis. Somente se classificam diretamente as campeãs de cada chave. Como país-sede, a França já está garantida. Depois disso, os demais participantes dos Jogos Olímpicos de 2024 sairão dos torneios continentais, pelo ranking da Federação Internacional
Rizola tem consciência de que dificilmente a Colômbia sairá campeã de um grupo no Pré-Olímpico e concentra todo foco no torneio continental. “Considerando que o Brasil vai vencer seu grupo, temos que ganhar o maior número possível de partidas no Pré-Olímpico, somar pontos para subir no ranking e ficar à frente de Argentina, Peru e Venezuela. Tudo isso para podermos ser o primeiro do continente pelo ranking mundial”, frisou.
Para o técnico da Colômbia, chegar às Olimpíadas é um desafio possível. “Para mim não tem nada impossível. Quando fui contratado para esse projeto, o sonho do presidente da Federação Colombiana de Vôlei era apenas participar dos Jogos Pan-Americanos. Disse a ele que iríamos participar e ganhar uma medalha. Ele então falou que eu era muito sonhador. Isso foi em 2016. Em 2019, nós ganhamos do Brasil na semifinal em Lima, fizemos a final contra a República Dominicana e fomos vice dos Jogos Pan-Americanos”, reiterou.
O acordo contratual de Rizola com a Federação Colombiana vai até as Olimpíadas de 2024. Sobre retornar ao Brasil, ele foi enfático. “Trabalho onde tenho a oportunidade de fazer o que gosto e que receba para isso. O vôlei é minha paixão, meu trabalho, onde construí minha vida e minha família”, complementou.
