Dos vários problemas que acometem proprietários de imóveis no Recanto do Bié, na região rural do Gravi, pelo menos dois se mostram bem mais recorrentes.
A inexistência de um eficiente sistema para o escoamento das águas pluviais das ruas em terra tira o sono de quem mora na parte baixa do residencial Bié II. Bem em frente, no Bié I, a dificuldade maior é a frequente oscilação no fornecimento de energia elétrica.
Cansados da falta de atenção da Prefeitura e de respostas evasivas para tantas demandas, alguns moradores acionaram a reportagem do Itapira News.
Com o período de chuvas intensas, a água corre pelo leito das vias e abre verdadeiras crateras. Além da erosão, os raros pontos de vazão estão entupidos pelo acúmulo da lama e galharia.
“A situação está péssima. Quando acionamos a Prefeitura para dar um jeito nas ruas, o pessoal vem, despeja terra para fechar as crateras e vai embora sem fazer a compactação. Daí quando chove é um lamaçal só”, desabafa a fotógrafa Elisângela Barelli Mazin, que reside com o marido e duas filhas na Rua Menotti Del Picchia, no Bié II.
Há nove meses, inclusive, ela acionou o Ministério Público a respeito do problema enfrentado. Elisângela garante que a cobrança maior não é pela pavimentação asfáltica, mas sim a estruturação de um eficiente sistema de coleta das águas pluviais a partir da implantação de guias, sarjetas e bocas de lobo.
“A Prefeitura traz terra, coloca e não compacta. O que acontece quando chove? Corre tudo para a frente da minha casa”, reclama. As poucas manilhas existentes às margens das ruas estão entupidas.
Quando chove mais forte, a praça em frente à residência de Elisângela é tomada pela água e se transforma em uma espécie de ‘piscinão’ e as as ruas viram um completo atoleiro.
O casal de aposentados Luiz Eduardo Francisco e Rosane Francisco chamou a atenção ainda para a dificuldade em acessar a propriedade localizada na esquina das ruas Ébano e Embaúba. A entrada estava completamente tomada pela erosão provocada pela enxurrada.
Elisângela apontou também para outras carências existentes no residencial, como a falta de fiscalização efetiva para o descarte irregular de entulho; presença mais frequente dos agentes de combate à dengue; oscilação constante no fornecimento de energia elétrica; e falta de iluminação na Estrada Municipal Antônio Martucci, principal via de acesso ao condomínio.
- ENERGIA
A dona de casa Mariane Martins Torres, que reside na Rua Jacarandá, no Recanto do Bié I, reclamou muito da oscilação no fornecimento de energia elétrica. “Se venta acaba a energia, se não venta acaba do mesmo jeito e se chove piora muito”, lamenta.
Segundo explicou, em várias ocasiões a energia fica em meia fase, reforçando que sempre acionou a concessionária responsável pelo serviço por meio dos canais disponibilizados aos consumidores. “E sempre a informação é de que não tem previsão para voltar”, confirma.
“Faz dois anos que moro aqui com meu marido e dois filhos. Desde sempre o problema acontece, mas nos últimos meses está mais frequente. Antes era quando chovia, agora é recorrente. Não perdi nenhum equipamento até agora, mas o painel da geladeira já deu pane”, conta.
Mariane ressaltou também que a praça existente no residencial ainda aguarda pelo término da revitalização iniciada em abril pela Prefeitura.
- OUTRO LADO
Contatada pela reportagem via assessoria de comunicação, a Prefeitura informou que sobre a manutenção das ruas principalmente do Bié II, a Secretaria Municipal de Serviços Públicos aplicou cascalho em pontos específicos onde havia muitas valetas, porém choveu logo em seguida e houve piora.
‘Contudo, a equipe voltou ao local para colocar pedras de rio e o problema dos atoleiros foi solucionado’, ressalta o comunicado oficial. A pasta comunicou ainda que trabalha na elaboração de projeto e orçamento para a infraestrutura de guias e sarjetas, bocas de lobo e tubulações.
‘Em seguida haverá estudo de como essa obra poderá ser feita, tendo em vista que os referidos loteamentos foram aprovados à época como chácaras de recreio e não havia exigência e obrigatoriedade de alguns serviços de infraestrutura. Caso sejam aprovados esse projeto e os referidos orçamentos, poderá ser aberta uma licitação e os valores deverão ser cobrados dos proprietários dos lotes como contribuição de melhorias’, detalha a nota.
A administração municipal garantiu que a coleta de vegetal é realizada de acordo com o cronograma pré-estabelecido para a zona rural. Adiantou que eventualmente podem ocorrer atrasos devido aos grandes volumes, mas a limpeza foi executada no local na semana passada (retrasada) e foram retirados sete caminhões de entulho somente do Bié II.
Sobre a fiscalização, a administração confirmou que o procedimento ocorre e, inclusive, a associação de moradores já foi notificada porque o entulho é jogado em área pública. ‘Se houver reincidência, serão aplicadas multas’, pontua a nota.
Em relação à praça no Bié I, a Prefeitura explicou que aguarda a chegada de materiais para concluir o trabalho iniciado. Sobre a presença de agentes de combate à dengue e a iluminação na via de acesso aos residenciais, nada foi respondido até a publicação da reportagem.
Já a assessoria da CPFL Paulista informou que a região de Itapira foi afetada, recentemente, por fortes chuvas, as quais impactaram severamente a rede elétrica em alguns pontos da cidade, como é o caso dos endereços mencionados. Lembrou que áreas rurais estão mais suscetíveis a interferências provocadas por vegetações que atingem a rede elétrica, especialmente durante períodos de chuvas.
‘A CPFL Paulista acrescenta ainda que a região indicada está passando por obras de melhorias na rede que atende aos condomínios com o objetivo de garantir um fornecimento de energia seguro e qualificado’, conclui o comunicado.
