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Mesmo de relance, quem nunca se encantou pelo carrinho de linhas arredondadas que continua a desfilar imponente pelas ruas, sem se importar com a concorrência desenfreada de protótipos bem mais robustos, modernos e tomados pela alta tecnologia?
Econômico, popular, carismático, nostálgico, simpático e tantas outras peculiaridades transformaram o Fusca em um verdadeiro ícone cult, que segue venerado por uma enorme legião de fãs nos dias atuais, inclusive em Itapira.
A relevância desse veículo para o universo automotivo é tamanha que ele ganhou duas datas comemorativas especiais: o Dia Nacional do Fusca, celebrado em 20 de janeiro, e o Dia Mundial, em 22 de junho.
Radicado em Itapira a partir de 2007, o administrador de empresas Oscar Ferreira Neto, 51, desde pequeno sempre foi alucinado por carros. Voraz consumidor de revistas sobre o tema, a paixão pelos modelos mais antigos aflorou na juventude, aos 17 anos, quando residia em São Paulo e olhava com enorme desejo para o ‘Dojão’ do avô.
Com 25 anos de idade, o Fusca efetivamente cruzou seu caminho. Em sociedade com o irmão, passou a dividir a direção de um modelo ano 65 original, 1200, de seis volts. “Ia ao shopping e ao voltar para o estacionamento, encontrava um bilhetinho no para-brisas perguntando se queria vender o carro”, recorda.
O Fusquinha ‘Herbie’ até chegou a ser adesivado em total semelhança com o famoso protótipo número 53, que virou astro do cinema nos filmes produzidos pelos estúdios Disney. “Onde parávamos vinha alguém para fotografar o carro. Foi um sucesso na época”, confirma. Algum tempo depois o veículo foi vendido para um amigo italiano e encerrou seu ciclo após se envolver em um acidente que representou perda total.
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SEGUNDO FUSCA
Ferreira Neto desembarcou em Itapira há 16 anos e os laços com o Fusca seguiram intactos. O modelo 78, 1300 L, na cor branca, está com a família há pelo menos 11 anos e possui origem paulistana, mas foi comprado de um itapirense. “Quando adquiri estava bonito, mas não era original. E daí você tem sempre essa questão do Fusca, de perguntar se é original ou não”, explica.
Ele optou por não manter a condição de ‘placa preta’ – concedida a veículos considerados antigos, geralmente com mais de 30 anos de fabricação e classificados como automóveis de coleção. “Chega em um ponto que você tem que tomar essa decisão. Vou customizar do jeito que quero ou ter um carro para me servir no dia a dia?”, adverte.
O carro de Ferreira Neto é original, mas não do ano. Possui algumas peculiaridades interessantíssimas, como freio a disco – que não saiu em 78, mas sim no Fusca Itamar -, espelhos do modelo mexicano, rodas do Fusca alemão, entre outras. “Montei um carro para viajar. Fiz revestimento térmico e acústico, coloquei estofamento ‘gomão’, escolhi uma cor que não era original da época e painel com mostradores analógicos, mas com componentes digitais”, detalha.
A potência do Fuscão impressiona. Tanto que no ano passado participou de 14 encontros automotivos e rodou mais de 5.000 quilômetros. “Fiz o carro para viajar, não para ficar na garagem. Não é para exposição, mas para utilizar”, reafirma, reforçando que ainda tem muito a ser incrementado no modelo.
O administrador de empresas também foi dono de uma Kombi 68, com a qual permaneceu alguns anos, mas foi obrigado a vender. “É a coisa que mais me arrependo na vida”, salienta.
Até 1986, segundo a própria VW, o Brasil produziu 3,1 milhões de unidades do Fusca e perto de 1 milhão segue em circulação. “Por conta dessa cultura pop, cult, os Fuscas estão muito valorizados”, pontua. A valor de mercado depende muito mais do estado de conservação do que propriamente o ano, mas o apreço sentimental é capaz de colocar as cifras nas alturas.
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ITAPIRA VOLKS
Em Itapira o Fusca é muito venerado por outros entusiastas. Tanto que o Grupo Itapira Volks, com pouco mais de um ano de atividade, reúne hoje perto de 22 aficcionados não somente pelo simpático modelo, mas também por Variants, Kombis e outros exemplares da Volkswagen com sistema aircooled.
“Após uma troca de ideias com o Felipe Tofanello, dono de um Fusca 69, decidimos formar esse grupo para falar sobre os carros, participar de encontros, fazer passeios e manter essa cultura viva”, diz.
Ferreira Neto brinca que ‘perrengue’ faz parte do dicionário do Fusca. “Hoje tenho um kit mais pesado no carro para o que chamamos de imprevistos”, justifica.
Em dezembro de 2023, ele e a esposa Tereza rumaram juntos para Pomerode (SC), onde participaram do Encontro Nacional de Fuscas mais famoso do Brasil. Uma viagem de 1.500 quilômetros de ida e volta, com direito a um pequeno probleminha no módulo de ignição no retorno, que fez o casal pernoitar em Curitiba (PR).
Além do Fusca, que inclusive ganhou uma carreta Karmann Ghia original, a família também se locomove com um Ka. E quando fala em futuro, Ferreira Neto é enfático.
“Quando penso o que vou fazer futuramente, como vou me aposentar, tenho em mente que vou ser o vô da Kombi, vou ser o vô que vai levar os netos para passear de Fusca. É o que imagino para mim no futuro. Não é um carro comum, mas sonho em manter uma frota de pelo menos dois ou três”, encerra, ao exibir uma tatuagem no antebraço com o desenho da sequência de marchas do câmbio da linha VW aircooled.
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