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Há quase 30 anos os itapirenses José Carlos de Godoy, de 72 anos, e Carlos Rodrigo de Godoy, de 42, compartilham do mesmo ofício na Refrigeração São José.
A tradicional oficina atualmente instalada na Rua Almirante Barroso, 35, no Jardim Magali, foi fundada em 1976 por José Carlos, o Carlinhos, então com apenas 22 anos de idade.
“Eu já trabalhava neste ramo como empregado, e quando casei decidi abrir a minha própria oficina. Foi um passo natural na minha trajetória”, lembra.
Rodrigo, popularmente conhecido como Pi, é o caçula do casamento de Carlinhos com Maria Antônia Romano de Godoy, também com 72 anos, e irmão de Carla Aparecida de Godoy, 42.
Ele conta que começou a ajudar o pai na refrigeração em meados de 1995, quando tinha 13 anos. Foi ficando, foi ficando… e ficou.
“Eu sempre estive por perto, atendendo ao telefone ou até dormindo no balcão (risos). Era natural começar a ajudar”, afirma, revelando que chegou a pensar em mudar de área e trabalhar como mecânico de automóveis.
“Mas aí meu pai perguntou: ‘por que você vai mexer com carros se já temos a nossa oficina de geladeiras aqui?’. Então acabei ficando e cá estou, até hoje”. Ao longo dos anos, Rodrigo ganhou experiência e se tornou braço direito de Carlinhos na gestão da empresa.
Ele enfatiza que, a partir de 2010, quando se casou com Maria Isabel Salvarani de Godoy, 41, passou a criar novas responsabilidades e começou a assumir a gestão da Refrigeração São José, até mesmo para acompanhar a evolução do segmento.
“O mercado evoluiu bastante, antes tudo era mais mecânico e hoje a maior parte das coisas é eletrônica. Muita coisa aprendemos na prática, compartilhando experiências com outros profissionais, pois não existiam tantos recursos como hoje”, avalia Rodrigo.
Carlinhos concorda e revela que antigamente muitos problemas de geladeiras, tanquinhos, bebedouros e máquinas de lavar, por exemplo, eram resolvidos na própria casa do cliente.
“Era mais fácil identificar o problema e fazer o conserto, às vezes bastava trocar uma peça simples, fazer um pequeno reparo. Hoje tudo é mais complexo, tudo eletrônico, especialmente nas geladeiras”, lembra.
Rodrigo ressalta ainda que nos últimos anos a Refrigeração São José também passou a absorver uma demanda crescente de instalação e manutenção de ar-condicionado.
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CONTINUIDADE
As quase três décadas de convivência praticamente diária na oficina ajudaram a estreitar a relação entre pai e filho, com Rodrigo adquirindo o conhecimento de Carlinhos e contribuindo para manter o negócio ativo.
“Se não tivesse ele aqui, eu já tinha fechado e parado há tempos”, diz o fundador da oficina que começou na Rua Duque de Caxias e também funcionou na Rua Joaquim Inácio da Silveira – ambos endereços na Santa Cruz – além de ocupar, por um longo período, um amplo barracão na mesma via atual, mas defronte à base da GCM (Guarda Civil Municipal).
Rodrigo lembra que no início houveram atritos naturais dentro da relação entre pai e filho trabalhando juntos. “É comum que as pessoas mais velhas resistam em ouvir os mais novos, mas com o tempo fomos nos adaptando. Minha mãe também chegou a trabalhar com a gente, atendendo o telefone que antigamente tocava o dia inteiro. Hoje é tudo pelo WhatsApp. A modernidade trouxe vantagens, mas também aumentou a pressão”, diz.
E mesmo com os desafios constantes de quem empreende e conta com a prestação de serviços para sobreviver, Rodrigo não esconde o sentimento de carinho e gratidão por poder trabalhar ao lado do pai.
“É até difícil expressar em palavras, mas é uma convivência para a vida toda. Comecei a trabalhar aqui desde criança e não tive outro emprego na minha vida. E meu pai também começou muito jovem. Até hoje eu consulto meu pai em algumas coisas, especialmente em mecânica. Ele mexia até com câmaras frias, algo que eu não faço. Nós discutimos as coisas, mas é normal perguntar para ele quando tenho dúvidas, especialmente na parte mecânica”, comenta.
Carlinhos também reconhece a importância da parceria com o filho. “A gente ainda precisa um do outro, ele cuida da rua e eu da oficina. Mas eu ainda fico bravo quando ele não faz as coisas do jeito que fazíamos antes”, brinca.
Hoje, o fundador da oficina é avô de Laís Helena, de 28 anos, filha de Carla; e Laura, com 10, e Lorenzo, com 5, filhos de Rodrigo. “Ele (Lorenzo) já falou que quer trabalhar aqui na oficina comigo. Mas, por enquanto, não quero que ele siga esse caminho. Acho que há outras oportunidades melhores para ele”, finaliza.
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