A Polícia Civil de Itapira já instaurou inquérito policial para apurar o suposto crime de injúria racial cometido no município, em uma partida da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Segundo explicou o delegado titular Anderson Casimiro de Lima, as primeiras providências referentes às investigações começaram a ser tomadas.
A denúncia de racismo partiu de um jogador do América (RJ), que acusou um atleta da Esportiva Itapirense de tê-lo chamado de ‘macaco do c… (sic)’, ao término do jogo em que o clube carioca venceu a equipe da casa por 2 a 1. O confronto ocorreu no dia 4 de janeiro, no Estádio Municipal ‘Cel. Chico Vieira’.
“Estamos tomando as primeiras providências, como a intimação das partes envolvidas, de testemunhas, da própria FPF (Federação Paulista de Futebol) solicitando a documentação produzida no jogo (súmula) e qualquer outra circunstância que possa esclarecer o que de fato aconteceu. As investigações estão apenas começando”, adiantou o delegado.
No dia do incidente, o diretor da partida (Gregório Rossi Gorn) acionou os policiais militares após o jogo e narrou que havia recebido a informação, por parte de um atleta do América, da ocorrência de suposto crime de racismo. A vítima foi conduzida à CPJ (Central de Polícia Judiciária), em Mogi Guaçu (SP), onde foi lavrado o Boletim de Ocorrência.
“Recebemos via expediente a documentação e de pronto o inquérito foi instaurado. Trata-se de um crime de ação pública e incondicionada, ou seja, não depende mais da vontade da vítima. É obrigação do Estado apurar o que aconteceu”, adiantou Lima.
Sobre o andamento das investigações, o delegado salientou que “a ideia é sempre buscar a verdade dos fatos, com todo cuidado necessário. Não há pressa para terminar a investigação porque queremos buscar o trabalho mais próximo da perfeição possível, ou seja, estabelecer o que de fato aconteceu”.
Sem fazer qualquer juízo de valor sobre o caso específico, Lima reiterou que esse tipo de comportamento não é mais aceitável. “Não há o que justifique esse tipo de atitude nos dias de hoje. Tem que ser repudiado e tratado com o rigor que a lei assim exige”, completou.
- CONSELHO
Tão logo tomou conhecimento do fato ocorrido em Itapira, o Compir (Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial) se posicionou de maneira imediata e emitiu uma nota de repúdio contra o suposto caso de racismo investigado.
No documento, o órgão destaca a completa indignação e reafirmou o compromisso de luta contra todas as formas de intolerância racial e discriminação.
“Nossa missão é clara: combater o racismo e o preconceito, além de trabalhar para a redução das desigualdades raciais. Estamos atentos a cada caso e, nesse momento, acompanhando de perto as investigações. O Compir está aqui para orientar as vítimas de racismo a buscarem as medidas necessárias e conscientizar a população a fim erradicar atos racistas”, afirmou a presidente do conselho, Luciana Menezes.
Na tarde de terça-feira (7), na partida em que a Esportiva enfrentou a Portuguesa (SP) pela Copinha, o time da casa entrou no gramado do ‘Chico Vieira’ com uma faixa que carregava a mensagem ‘Nós todos contra o racismo! Entramos em campo pelo esporte e pela justiça. Somos contra o racismo em todas as suas formas’.
O ato buscou não apenas repudiar o ocorrido, mas também fortalecer o compromisso da equipe e da cidade na luta contra o racismo e qualquer forma de intolerância. Além de conversar com os dirigentes da Vermelhinha, Luciana e outros membros do conselho estiveram no estádio, acompanharam o jogo e fixaram uma faixa do conselho no alambrado. “A presença do Compir nesse ato de conscientização no campo é uma forma de mostrar que a luta contra o racismo não é apenas teórica, mas prática, e que a cidade de Itapira se posiciona de forma firme contra todas as formas de discriminação”, afirmou Luciana.