
O projeto socioambiental mantido pela Casa da Criança Celencina Caldas Sarkis, que consiste na coleta e destinação ambientalmente correta de óleo vegetal (de cozinha) usado, completou nove anos na última quarta-feira (17).
Ativo desde 2007, o programa que tem como lema ‘Criança e Meio Ambiente – Preservação da Gente’ já coletou 476 mil litros de óleo comestível que, entre outros destinos inadequados, poderiam ter ido parar nos rios, contaminando a água.
Na prática, o projeto recebe doações do óleo diretamente na sede da entidade, além de postos de coleta e recolhimento domiciliar, que é feito por um carro específico que serve ao programa. Recentemente, a iniciativa ganhou o apoio também do Condomínio Eurovile.
Apesar de seguir rumo a uma década de atuação, o programa ainda arrecada bem menos que o esperado. “Hoje, recebemos uma média mensal de 5,5 mil litros de óleo usado, mas nossos estudos apontam que Itapira tem potencial para nos fornecer até 30 mil litros por mês”, comenta a administradora da Casa da Criança, Aura Nunes Pereira da Silva.
O óleo é vendido a uma empresa especializada, que paga em média R$ 1 por litro. “Se conseguíssemos chegar a 15 mil litros por mês, isso já seria suficiente para cobrir o déficit que temos todo mês na Casa da Criança”, revela a administradora. Para isso, de acordo com Aura, a receita é uma só. “Conscientização. Precisamos que a população se conscientize e passe a guardar e doar o óleo para a entidade. Só assim vamos conseguir aumentar esse volume mensal”, explica.
De acordo com ela, as donas-de-casa podem ser as grandes parceiras do projeto. É que de pequenas em pequenas quantidades, as doações coletadas nas residências representa mais de 21% do total de óleo recebido mensalmente pela Casa da Criança. O restante é doado por empresas e coletado em um dos dez postos de coleta instalados em estabelecimentos comerciais parceiros.
DIFICULDADES

Além da falta de adesão de parte da comunidade, o projeto da Casa da Criança também enfrenta outro vilão na operação de coleta do óleo: empresas de fora da cidade fazem concorrência à entidade na busca pela arrecadação domiciliar. Alguns carros, inclusive, passam pelas ruas anunciando em alto-falantes a coleta de óleo. A prática, contudo, é vetada por uma lei de 2015, que disciplina a coleta seletiva em Itapira. A legislação proíbe “a coleta seletiva de materiais recicláveis e óleo vegetal de cozinha, por empresas, cooperativas e associações que não tenham sua sede no Município de Itapira”.
As infrações deveriam ser punidas com aplicação de multas e apreensão dos materiais utilizados na coleta. Contudo, a questão esbarra na falda de fiscalização. “Temos a lei, mas não temos quem fiscalize. Não temos condições financeiras e estruturais de percorrer toda a cidade diariamente para recolher o óleo, mas tem empresa que vem de fora e faz isso”, lamenta Aura. A estratégia para combater a concorrência desleal e ilegal, segundo ela, é reforçar a divulgação do programa da Casa da Criança e conscientizar a população sobre a importância de reservar o óleo para a entidade local, que tem mais de 70 anos de atividades e que atende, atualmente, cerca de 100 crianças com famílias de baixa renda. “Vamos lançar uma campanha nas escolas, para fazer com que os alunos levem as mensagens até seus pais e falem sobre a necessidade de doar o óleo para a Casa da Criança”, destaca.
Para a administradora, o projeto que tem apoio do Cristália Produtos Químicos e Farmacêuticos já está consolidado e precisa apenas que seja reforçado. “É um projeto muito viável, com uma finalidade maravilhosa de reverter fundos para a educação de nossas crianças. Vejo que ele precisa crescer, se desenvolver e receber mais apoio. As donas-de-casa podem nos ajudar muito com isso”, finaliza. Interessados em contribuir com a iniciativa podem manter contato diretamente com a instituição pelo telefone 3863-0229 ou na Rua Silvio Galizoni, 238, Cubatão.