As ocorrências de estupro e estupro de vulnerável tiveram um aumento de 75% em 2023 em Itapira. Os dados são da SSP/SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo).
De acordo com a estatística fornecida pela pasta estadual, ao longo deste ano foram 21 registros no município, contra 12 ocorrências registradas em 2022. O ano passado, por sua vez, havia apresentado retração em relação a 2021, que teve 17 casos.
Os números dizem respeito aos casos que chegam oficialmente ao conhecimento da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) e passam a ser investigados a partir dos inquéritos instaurados.
Conforme o relatório disponibilizado publicamente pela SSP, os crimes em 2023 foram registrados em todos os meses, com exceção de dezembro – o que ainda pode mudar, já que os dados costumam ser alimentados nos sistema posteriormente ao mês corrente.
Os dados estatísticos contabilizam tanto as ocorrências classificadas como estupros – quando o crime ocorre contra pessoas com mais de 14 anos anos de idade e em pleno domínio de suas faculdades mentais, ou seja, tenha a devida compreensão do que está ocorrendo – e as ocorrências chamadas de estupro de vulnerável, quando a vítima tem até 14 anos de idade ou não têm condições de consentir o ato.
- ANOS ANTERIORES
Em 2022, o total de casos fechou em 12, sendo apenas um registro relacionado como estupro e 11 crimes praticados contra vítima em situação de vulnerabilidade. Já no período anterior, 2021, os casos somaram 17, também com um estupro e 16 estupros de vulnerável.
O aumento dos casos em Itapira segue a mesma tendência registrada em nível estadual: o território paulista registrou crescimento de 16,6% entre 2022 e 2023, saltando de 1.088 casos para 1.269 neste ano.
- DENÚNCIAS
A delegada titular da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Itapira, Gilmara Natália Batista dos Santos, comentou o aumento dos casos e ponderou que há, sim, aumento dos registros, mas que esse saldo adicional também é reflexo direto do aumento no número de denúncias.
“Infelizmente os casos acontecem, e muitas vezes dentro da própria casa da vítima, quando há estupro de vulnerável e então, às vezes, a família não denuncia, ou não acredita na criança e tenta abafar o caso”, afirmou.
“Porém, com os trabalhos de informação, temos conseguido mostrar que a denúncia é sempre o melhor caminho e que as vítimas silenciadas sofrem ainda mas problemas depois”, complementou.
A delegada destacou ainda os frutos colhidos a partir de um trabalho em rede que envolve, por exemplo, diálogos diretos com jovens, educadores e mães, além de palestras em escolas e em instituições.
“A partir desses trabalhos percebemos um aumento nas denúncias. Muitas crianças, por exemplo, acabam relatando um abuso de maneira espontânea, contando para alguma professora, dizendo que tem alguém mexendo nela. É muito importante fazer essa busca ativa e estimular a denúncia, pois dificilmente o abusador para na primeira vítima, ele vê que deu certo e continua”, acrescentou.
Gilmara também ponderou que há casos em que a ocorrência começa com uma tipificação de crime e, no curso da investigação, há a conversão para outro tipo de crime a partir da coleta de provas e realização de exames no IML (Instituto Médico-Legal), por exemplo, o que também contribui para elevar o número de registros.