O costume de confeccionar tapetes ornamentais em ruas próximas às igrejas por onde passam as procissões que celebram o Corpus Christi é uma tradição que surgiu na região dos Açores, em Portugal, no século XIII, e que foi difundida no Brasil ainda durante o período colonial.
Na prática, os devotos montam os tapetes com representações de cenas bíblicas, homenagens e objetos devocionais, utilizando materiais como serragem tingida com diferentes cores, farinha de trigo, sal, casca de ovo e pó de café.
As ilustrações se repetem em centenas de cidades brasileiras e, em Itapira, a tradição também é mantida graças ao trabalho de dezenas de voluntários que se reúnem logo no início da madrugada do feriado religioso para montar os desenhos que formam os belos tapetes.
No dia de Corpus Christi os cristãos celebram o Mistério da Eucaristia – Sacramento do Corpo e Sangue de Jesus Cristo, representados de maneira figurada pelo pão e vinho, e a data recorda a última ceia de Jesus com os apóstolos.
A expressão Corpus Christi vem do idioma antigo Latim e quer dizer corpo de Cristo e a celebração é uma das mais antigas do catolicismo em todo o mundo. Para a Igreja Católica, a prática remete à acolhida de Jesus em Jerusalém, quando as pessoas cobriram as ruas de ramos e mantos para a passagem do Messias.
“A festa de Corpus Christi é a celebração do Corpo e Sangue de Cristo, é uma festa tradicional de grande expressão para nossa Igreja Católica Apostólica Romana tendo em vista que antes dela, não haviam procissões e manifestações públicas de Jesus pelas ruas”, explica um dos coordenadores da confecção dos tapetes em Itapira, Luís Gustavo Lantin, 26.
Dentro do calendário católico, a celebração acontece na quinta-feira logo após o Domingo de Celebração da Santíssima Trindade e é o único dia do ano em que o Santíssimo Sacramento sai em procissão pelas ruas.
“Foi a partir desta festa instituída pela Igreja que Jesus, presente na hóstia consagrada no ostensório, é levado às ruas e com essa manifestação pública de fé os cristãos e cristãs testemunham a sua gratidão pelo dom da eucaristia, pelo qual se torna presente a vitória sobre a morte e a ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo”, completa o voluntário que desde 2012 participa da ação.
- MUITO TRABALHO
Como em todos os anos, os voluntários iniciaram a montagem dos tapetes logo nas primeiras horas da madrugada e o trabalho se estendeu até por volta do meio dia. São dois trechos de tapetes ornamentados.
O primeiro começa nas escadarias da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Penha e se estende pelo entorno da Praça Bernardino de Campos até a esquina com a Rua Comendador João Cintra.
O segundo trecho começa na Rua Padre Ferraz e segue até a Igreja de Santo Antônio. Ao todo, o trabalho consumiu cerca de 500 quilos de pó de serragem, 100 quilos de pó de café, 50 quilos de cascas de ovo e 50 quilos de farinha de trigo e de sal.
Lantin conta que depois da pandemia o número de voluntários envolvidos na montagem dos tapetes reduziu um pouco, mas a expectativa é que a adesão volte a subir a partir dos próximos anos, e destaca que todos são bem vindos a participar do ato.
“Me sinto honrado e grato a Deus em poder, todos os anos, estender esse tapete maravilhoso para que Jesus passe por ele e seja levado a cada coração de cada habitante da nossa cidade. É um trabalho que envolve muitas pessoas e por isso deixo o meu agradecimento a cada um que nos ajuda todos os anos”, finaliza.